CRESCIMENTO PESSOAL E MOTIVAÇÃO

16-06-2011 15:01
Por Manoel Felipe 
 
Aqui, no ocidente, muitas das visões de valores são meramente distorcidas. Quero falar aqui, em especial, sobre crescimento pessoal. Na sociedade globalizada em que vivemos, nossas referencias de vitória e crescimento são aquelas pessoas que chegaram a um patamar social dito muito alto, aqueles que se submeteram aos mais variados e elaborados testes exigidos para se alcançar alguma posição que dê segurança, recursos, reconhecimento, poder.
A meta de todo o cidadão é chegar há algum lugar na sociedade, um lugar que seja “alto” ou o mais “longe” possível. Quem nunca ouviu dos pais a celebre frase:  “Você vai longe” ou “você tem que pensar alto”. Até hoje eu me pergunto: longe aonde?
 
Desde pequenos, somos ensinados e obrigados a fazer sempre mais e melhor, aliás, temos que ser o melhor. Somos ensinados a sermos competitivos, para que possamos ter um lugarzinho ao sol. Corriqueiramente, leio noticias nos jornais sobre crianças e jovens “prodígios”, cheios de atividades, todas envolvendo algum tipo de competição em que se destacam, até mesmo atividades filantrópicas fazem parte deste status, e seus currículos são tão ou mais carregados do que um PhD que levou anos para se formar.
 
Estes se tornam nossos deuses encarnados, e o olimpo é a presidência de alguma empresa, cargo público com salário alto ou primeiro lugar no vestibular. Quero deixar claro que de maneira alguma repudio tais tentativas de melhorar de vida, até acho que são necessárias diante do norte desequilibrado que criamos para promover o tal do progresso. Mas o ponto principal é a motivação, qual é a motivação?
 
Gostar de se envolver em atividades infindáveis e de ser destaque em tudo, não significa que seja fonte segura de felicidade, na psicologia budista, esse gostar e não gostar condicionado corresponde ao sétimo elo da originação interdependente, vedana.  Então a pessoa que entrou nesta empreitada tem que constantemente reforçar sua identidade fazendo cada vez mais coisas, mais provas, mais atividades, o céu deixou de ser o limite, isso corresponde ao nono elo, bahva. É um processo inconsciente, a pessoa não percebe sua motivação. Todos os seres humanos, com as condições e maios favoráveis podem fazer os mesmo feitos, porém, infelizmente, nem todos possuem estas tais condições.  
 
A questão é que a pessoa que se movimenta com a motivação de crescimento em troca de status e reconhecimento, não percebe que por mais longe que vá, sempre andará em círculos, por mais alto que suba nunca há um fim. Esse é o ponto, geralmente a motivação por trás de qualquer feito é o reconhecimento por parte da sociedade de que existimos, de que somos alguém.
 
Buda descobriu que por mais que façamos coisas, por mais sofisticadas e maravilhosas que pareçam, inevitavelmente, se tornarão insatisfatórias se o fazemos com a motivação de buscarmos a felicidade, pois tudo é impermanente e nós também, nossa felicidade é condicionada a este processo frágil. Mas se o fizermos em prol do beneficio dos outros seres, mesmo que a atividade seja pequena e, esquecidos de nós mesmos, brotará a felicidade genuína.  

 

Todos estes parâmetros que seguimos e tentamos alcançar são artificiais, são apenas regras da montagem histórica da nossa socieadade, se fossem verdadeiros os indianos não seriam um dos povos mais felizes do mundo com toda sua pobreza. Dalai Lama diz que a vida pode ser vista como um piquenique, onde perdemos tanto tempo em escolher os melhores produtos da cesta, concorremos pelos melhores lugares para estender a toalha, que o dia passa e não conseguimos desfrutar verdadeiramente do momento